35, 36, 37ºC…
Lá fora os bichos se escondem na mata. Como se sabe, a vegetação tem pelo menos algumas vantagens: refresca, dá sombra, reverbera vento. Se a temperatura é uma no sol, a sombra pode reduzi-la em vários graus.
Enquanto isso, o povo da laje se fecha na laje. Ou anda nas ruas feitas de laje, onde logo há pouco árvores frondosas foram cortadas.
A laje atrai calor, e o povo da laje criou então o ar condicionado e a energia cara. O ar e o dispêndio de energia, unidos à laje, produzem as ilhas de calor.
Se a sombra das árvores reduzem a temperatura local em alguns graus, as ilhas de calor, produzidas pela laje e o ar condicionado (e os carros, e o dispêndio de energia etc.), aumentam a temperatura em vários graus.
E assim chegamos ao curioso resultado: nunca se viveu no Brasil com tanto ar condicionado e laje, mais notavelmente de 30 anos para cá (para dar uma margem alta). Agora, seu uso se tornou incontornável. Ou pelo menos pensamos assim.
Diria-se que é ridículo, absolutamente ridículo um país tropical, conhecido por altas temperaturas, não saber conviver com essas temperaturas depois de 500 anos, esquecendo as lições simples dos índios e dos colonos.
– Mas o ar condicionado tá mó na moda. É coisa de patrão, morô? E quem é que vai varrer as folhas que caem no chão?
Um comentário em “36ºC básicos”