Milei e a Internacional Fascista

Milei é uma espécie de Menem 2.0 turbinado com Tiririca (à la Zelenski) e a mitomania bolsonarista. Ao que tudo indica, ele emprestou toda a linguagem da ultradireita, atualizou e os argentinos caíram na lorota.

E a lorota não é nada mais, nada menos, daquilo que Hannah Arendt chamava de “Internacional Fascista” e Giuliano Da Empoli chamou mais recentemente de “Internacional Nacionalista“: os mesmos discursos, as mesmas táticas, sem qualquer vinculação com o real, mas extremamente adequadas (em nosso caso) às redes sociais. Os bits que carregam mentira também carregam emoções, e aqui está onde o fascismo vingou e vinga.

Que Milei tenha sido eleito é importante ater-se ao que ele diz e faz, pois isso também será importado para outros lugares, inclusive para o Brasil. Há quem diga que o idiotismo político aqui de plantão poderá, inclusive, pesar a mão contra os opositores (algo que não deixamos acontecer no bolsonarismo).

Num vídeo recente, Milei chama os “esquerdistas” de “merda” e a jornalista fica indignada com o tom e a agressividade. Ele então emenda: é preciso chamá-los assim porque não se pode dar espaço algum à esquerda, logo agora que a ultradireita estaria “vencendo” (inclusive na estética, dizia…). Dar alguma voz à esquerda (isto é, a qualquer opositor) significa dar lugar para que ela aniquile a nós, o adversário, a ultradireita. Então seria preciso, mais do que nunca, esmagar os “esquerdistas” antes que eles nos esmaguem.

A semelhança com os discursos nazi-fascistas de outrora é imensa. E o mesmo com o modo de “acusar no outro o que eu mesmo faço”, o que Leticia Cesarino chama muito bem de mímese inversa.

São tristes dias para a Argentina e dias preocupantes para a América Latina e o mundo. Muito embora o Real esteja aí e se faz valer (como fez valer no início dos anos 2000 na Argentina).