Marx, o liberal e o comunista de Iphone

Sempre que alguém vem com aquela do “comunista de Iphone” eu olho bem para a pessoa e me seguro para não fazer a pergunta: será que ela leu Marx? Ou repete as palavras do WhatsApp, raramente vistas por meio de um Iphone?

Pois já dizia o velho barbudo lá no século XIX, dentre outras:

A nós, comunistas, já acusaram de querer suprimir a propriedade adquirida individualmente pela via do trabalho, aquela propriedade que consistiria a base de toda liberdade, de toda atividade e de toda autonomia pessoal.
Propriedade conquistada, adquirida, resultante de merecimento pessoal! Falam os senhores daquela propriedade do pequeno-burguês ou do pequeno camponês a qual precedeu a propriedade burguesa? Essa não precisamos surpimir, porque o desenvolvimento da indústria já a suprimiu e segue fazendo-o dia após dia.
Ou falam os senhores da moderna propriedade privada burguesa? O trabalho assalariado, o trabalho do proletário, porventura lhe cria propriedade? De jeito nenhum. O que ele cria é o capital – isto é, a propriedade de que o explora e que só pode multiplicar-se à medida que gera mais trabalho assalariado que possa, de novo, explorar. A propriedade, em sua configuração atual, se move pela oposição entre capital e trabalho assalariado.

Marx, Manifesto do Partido Comunista, capítulo “Proletários e Comunistas”